Como professor e entusiasta do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio como forma de inclusão de uma gama significativa de estudantes, tenho nos últimos dias buscado informações que possam amenizar o crime que o Ministério da Educação quer fazer com centenas de milhares de estudantes da Escola Pública.
O artigo abaixo, do articulista Caio Magri, publicado no UOL, reflete a minha posição de educador, diante desse desvio de conhecimento do Ministério da Educação com relação ao que realmente acontece na base de milhares de escolas pública brasileiras, especialmente no interior do Piauí.
"Manter o
ENEM em 2020 é genocídio educacional de milhares de estudantes pobres que estão
nas escolas públicas. Criado em 1998 durante o governo Fernando Henrique
Cardoso, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) teve por princípio avaliar
anualmente o aprendizado dos alunos do ensino médio em todo o país.
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Rogério Magri
Foto UOL |
Em 2009,
durante a gestão do ministro da Educação Fernando Haddad, no governo Lula, foi
introduzido um novo modelo de avaliação, com a proposta de unificar o concurso
vestibular das universidades federais brasileiras, e posteriormente utilizado
como parâmetro para todas as universidades públicas e gratuitas. Um avanço
enorme para reduzir as desigualdades de acesso às universidade públicas.
Neste
grave momento, quando as escolas ficarão fechadas por mais de quatro meses,
milhões de estudantes não estão acessando as aulas virtuais prometidas pelas
autoridades de educação.
A
estratégia adotada escancara a desigualdade e as dificuldades enfrentadas pelos
estudantes e professores de escolas públicas - acesso limitado à internet,
falta de computadores e de espaço em casa, problemas sociais, sobrecarga de
trabalho docente e baixa escolaridade dos familiares.
Segundo a
pesquisa TIC Domicílios, divulgada em 2019, apenas 44% dos domicílios da zona
rural brasileira têm acesso à internet. Na área urbana, o índice é bem mais
alto: 70% dos lares estão conectados. O estudo, feito anualmente pelo Centro
Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic),
é um dos principais no país no segmento de acesso a tecnologias.
Mas as
diferenças ficam ainda mais evidentes ao se analisar cada classe social: entre
os mais ricos (classes A e B), 96,5% das casas têm sinal de internet; entre os
mais pobres (classes D e E), 59% não conseguem navegar na rede.
Já não
bastam as atitudes do governo Bolsonaro, que propaga mentiras sobre a pandemia
flertando com a morte e apostando no caos social, temos agora a insistência
criminosa do ministro Weintraub na manutenção o ENEM em 2020. E para isso usa
recursos públicos em uma propaganda falsa e enganosa.
Não
haverá ENEM, ministro! E é obrigação funcional do MPF, da CGU e do TCU acusá-lo
e processá-lo por uso indevido de dinheiro público e obriga-lo a devolver
centavo por centavo do gasto com propaganda indevida.
É hora de
solidariedade! Solidariedade com os estudantes que não contam com acesso à
internet em suas casas para aulas virtuais.
Solidariedade
com os estudantes que não tem computadores nem recursos para pagar a internet.
Desobediência
civil já!
Boicote o ENEM!"