Artigo
O PNE e os novos desafios da educação
Publicado em 26/08/2014 | Christiano Ferreira
O Plano Nacional de Educação (PNE), que virou lei, coloca novos
desafios às escolas, educadores e gestores escolares. Ao definir um
conjunto de metas e suas respectivas estratégias com vistas à ampliação
do acesso e a melhoria da qualidade em todos os níveis de ensino, o
plano prevê alterações substanciais na rotina escolar e nas formas de
interação entre a escola e a sociedade.
Ao estabelecer, por exemplo, a meta 2 (universalização do ensino
fundamental de nove anos para a população entre 6 e 14 anos), o plano
define como estratégia a promoção da relação entre a escola e movimentos
culturais, visando torná-la polo de criação e difusão da cultura e da
arte. Mais além, na meta 3 (universalizar o atendimento escolar para a
população de 15 a 17 anos e chegar à taxa líquida de matrículas de 85%
no ensino médio), uma estratégia vinculada é a garantia à fruição de
bens e espaços culturais. Por fim, a meta 6 (oferecer educação integral
em no mínimo 50% das escolas públicas) indica como estratégia a oferta
de atividades culturais e esportivas de forma que a criança passe, no
mínimo, sete horas diárias na escola durante todo o ano letivo.
Como se vê, a presença de atividades artísticas e culturais no
ambiente escolar e a articulação entre entidades culturais e a escola
são princípios que se apresentam transversalmente em todo o plano. Tal
direcionamento, por óbvio, exigirá da comunidade ações estruturantes de
revisão da rotina das escolas, do trabalho dos professores e das
atividades oferecidas aos alunos.
Tornar a escola mais aberta às manifestações artísticas e dotá-la da
capacidade de atrair o interesse e a dedicação do alunado para além dos
conteúdos curriculares formais são princípios que deverão reger a ação
dos gestores, pois obviamente não será possível segurar a criança na
escola e atrair o interesse do adolescente se as velhas práticas e
rotinas persistirem.
Hoje, elementos como a cultura, a arte e o esporte têm espaço nos
currículos do ensino fundamental e médio, ainda que de forma incipiente e
por vezes desarticulada das demais demandas apresentadas por alunos,
familiares e comunidade. Em nossa visão, temas de grande relevância
social, tais como drogadição, sexualidade, violência urbana e cidadania,
podem ser mais bem apreendidos e discutidos pela escola se o forem em
formas não tradicionais, que favoreçam a interação, o diálogo e a
ludicidade. Temas e questões considerados difíceis e que não se encerram
no âmbito de apenas uma disciplina ou área do conhecimento podem e
devem ser tratados pela escola de forma não convencional, pois a atenção
e o interesse do aluno são provocados quando o contexto ao seu redor
muda. A incrível capacidade da arte e das manifestações culturais no
despertar das consciências individuais e coletivas deve ser uma aliada
de primeira hora na consecução das metas do PNE, pois apenas ao abrir as
portas à criatividade e à reflexão a escola será capaz de sofrer as
transformações de que necessita.
Em suma, consideramos que as metas e estratégias definidas no PNE
indicam um caminho a ser percorrido pelas escolas no qual a arte, a
cultura e o lúdico assumem protagonismo no dia a dia dos estudantes; se
tal caminho será efetivamente trilhado, cabe àqueles que operam a
educação no Brasil abrir os olhos para as infinitas possibilidades de
ensino e aprendizagem por meio da arte e da cultura.
Christiano Ferreira é coordenador do projeto Tempo de Temperar a Arte, da Parabolé Educação e Cultura.
Fonte: Clik aqui!
Cristovam Buarque diz que escola é violenta com aluno
Confira a matéria em:
A escola é violenta com o aluno, diz Buarque
Especialista fala da necessidade de um Sistema Nacional de Educação
Confira o entendimento do Professor Doutor José Luiz Sanfelice da Universidade Estadual de Campinas
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