Obra O filho de um homem
Surrealismo de Margerit
Em um país onde a desigualdade econômica é gritante, é impossível não perceber que as leis parecem funcionar de maneira diferente para ricos e pobres. Enquanto o cidadão comum enfrenta um sistema legal rigoroso e muitas vezes implacável, o rico desfruta de uma impunidade quase institucionalizada, tendo dinheiro, compra sentenças. Os recentes escândalos envolvendo grandes figuras do mundo empresarial, político e judicial revelam um padrão perturbador: roubo, falsificação, corrupção e até crimes mais graves são cometidos sem que uma o réu seja julgado, gerando uma sensação de que a justiça é seletiva.
A realidade cotidiana escancara que, para o rico, o peso da lei é muitas vezes suavizado por uma rede de influências e brechas legais. Crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e distribuição de valores falsificados, são apenas a ponta do que sabemos. A ausência de investigações robustas e de condenações efetivas reforça a percepção de que a justiça não alcança os poderosos da mesma forma que atinge os desfavorecidos. Não é raro vermos grandes empresários e políticos acusados de crimes graves saindo ilesos, enquanto a população marginalizada enfrenta processos longos e punitivos por delitos muito menores.
Essa desigualdade é palpável em lugares como Campo Maior, onde a população vive dias de fingimento, assistindo ao desenrolar de um verdadeiro espetáculo farsesco. Enquanto as elites continuam a acumular poder e riqueza, a população se sente cada vez mais excluída e enganada. Até quando o circo estará armado? Até quando a população aceitará passivamente essa encenação, onde a justiça se traveste de imparcialidade, mas favorece sempre os mesmos? É necessário romper com essa estrutura de engano, onde as leis, em vez de protegerem os direitos de todos, são usadas como ferramentas para manter os poderosos fora de alcance e os pobres em permanente estado de vulnerabilidade.
Esse descompasso entre os diferentes tratamentos judiciais não apenas mina a confiança da população no sistema, mas também perpetua a sensação de que a justiça, em sua essência, serve para proteger os interesses da elite. Se a lei não for aplicada de maneira equitativa, ela deixa de ser um pilar da sociedade para se transformar em um instrumento de controle, onde quem tem poder econômico e político não precisa temê-la, enquanto o pobre é sufocado por suas imposições.
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