Paiva Netto
A instrução do intelecto não é suficiente para formar o verdadeiro cidadão do terceiro milênio, que tem... mil anos para desenvolver um novo tipo de civilização. Ao cérebro deve-se juntar o bom sentimento.
O temor nasce da ignorância. Por isso, promover Educação e espiritualizar o saber ilumina as Almas e erradica a violência dos corações. Victor Hugo (1802-1885), o gênio de Besançon, assegurava que "quem abre escolas fecha cadeias". E o versículo sexto dos Provérbios, capítulo 22, do Antigo Testamento da Santa Bíblia, remata: “Ensina a criança no caminho em que deve andar; e, mesmo quando envelhecer, não se desviará dele”.
É urgente difundir a Pedagogia do Afeto — portanto, do Amor, ou seja, da Caridade — e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, ambas suplementares e imprescindíveis ao sustento da Alma. Trata-se de medicamentos energéticos para a cura de enfermidades, a começar pelas psíquicas, que prejudicam a absorção das lições necessárias ao enriquecimento ecumênico-intelectual, moral e intelectual dos estudantes. Esses não constituem apenas os que frequentam as escolas, porque a vida é constante busca do saber. O bom gosto da vida é o aprendizado infinito.
Povo liberto
Um povo educado, ou melhor, reeducado na Fraternidade Ecumênica é uma grei liberta. É essencial ao progresso das massas populares que elas cresçam cada vez mais instruídas, educadas e espiritualizadas, pois, sem Amor e espírito solidário, não poderá haver qualquer sociedade em paz, portanto, com o ingresso a uma vida digna e mais auspiciosa, material e moralmente falando.
Malcolm X (1925-1965), islâmico, um dos grandes líderes negros norte-americanos, ao suplantar as contrariedades de sua inicialmente violenta e, por todo o percurso, sofrida existência, concluiu: “As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens acerca de si mesmos”.
Seu exemplo aqui é corroborado por suas atitudes. Ele mesmo, ao viajar a Meca, percebeu que era possível conviver com pessoas de diferentes origens, opostamente ao que pensava. Ao voltar aos Estados Unidos, passou, para surpresa de muitos, a dirigir-se não só aos afrodescendentes, mas, sim, às diversas etnias, algo que o notável pastor norte-americano Martin Luther King Jr. (1929-1968), líder carismático, já compreendera e praticava.
Alziro Zarur (1914-1979) proclamava que “governar é ensinar cada um a governar a si mesmo”.
Em 1980, assegurei que a verdadeira alforria do ser humano ou, avançando ainda mais, do Espírito Imortal do indivíduo será aquela fortalecida pela cultura do respeito mútuo, cuja riqueza consiste na multiplicidade de ideias em favor da harmonia entre todos. E reitero: não há outro caminho que não seja o da Instrução e da Educação, iluminadas pelo sentido da Espiritualidade Ecumênica, que é Amor e Justiça, Ciência e Amor, para todas as etnias. Não nos esqueçamos ainda de que a boa saúde, física e da mente, é fundamental à conquista, por exemplo, de um bom emprego. Libertar-se significa ter, acima de tudo, discernimento espiritual.
Ócio e sepultura
Vale a pena a todo momento destacar que a migalha de hoje é a farta refeição de amanhã. Desse modo, não desperdicemos também tempo, capacidade, talento e inteligência com os sofismas da preguiça.
O filósofo estoico Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) — que teve a triste sina de ser preceptor de Nero (37- 68 d.C.) — foi filho ilustre da cidade espanhola de Córdoba, que à época fazia parte do Império Romano. O célebre intelectual protestou contra os zombadores, dizendo: “O ócio sem estudos é a morte e a sepultura do homem em vida”.
E atenção ao livro de Provérbios, 14:23, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, em que lemos esta grave advertência: “Em todo trabalho há proveito, mas ficar só em meras palavras leva à pobreza”. De fato, toda facilidade excessiva é aval para o túmulo mais próximo, espiritual, física ou moralmente considerado.
A Educação existe para libertar o ser humano. Mas, com a indispensável Espiritualidade, o sublima. Eis a Pedagogia de Deus, que prepara o indivíduo para viver a Cidadania Ecumênica, planetária, firmada no exercício pleno da Solidariedade.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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