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Senadora Regina Sousa - Foto: Ana Volpe |
“O espaço da mulher já é pequeno. Da mulher negra, é menor ainda”. Assim a senadora Regina Sousa (PT-PI) definiu a importância de se abrirem espaços para alertar contra o racismo e o preconceito racial na sociedade e em todas as instâncias de poder. A exposição Mulheres Negras no Parlamento, que foi oficialmente aberta nesta segunda-feira (09), no Senado Federal, é um desses espaços.
As fotografias trazem imagens de mulheres que trabalham no Senado e se autodeclaram pretas ou pardas. Elas se inscreveram para participar e foram fotografadas por profissionais da Casa e também por amadores. A senadora Regina posou para a fotógrafa Ana Volpe.
Dois grandes painéis ladeiam a exposição. Neles, um texto da senadora Regina: “Celebrar nossa negritude, fortalecer nossas organizações, construir estratégias para superar os preconceitos inventados, construídos e reforçados apenas para perpetuar as desigualdades e a nossa exploração. Saber que cada mulher negra - seja doutora, operária, assessora ou senadora – ela não é totalmente livre enquanto em qualquer lugar do mundo houver outra mulher negra presa nas cadeias do racismo que levam à fome, à dominação e a diversas outras formas de violência. Porque, em qualquer lugar do mundo, a corrente que nos prende é a mesma, só muda a língua falada pelo opressor.
A gestora do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, Maria Terezinha Nunes, explica que o objetivo maior do projeto é homenagear as mulheres negras e seu trabalho no Senado.
Trinta e cinco mulheres se inscreveram. Entre elas, 3 jovens aprendizes, 12 funcionárias terceirizadas, 4 estagiárias, 6 seis servidoras efetivas, 9 comissionadas e uma parlamentar, a senadora Regina Sousa.
Ao falar na abertura da exposição, a senadora lembrou a dificuldade de abrir espaços para falar em igualdade racial. Lembrou que, quando professora, chegou a ser punida por se recusar a trabalhar com seus alunos um texto onde o racismo era explícito. O texto falava sobre um menino branco que ia passar as férias no campo e brincar com um menino que, “apesar de negro, era muito bonzinho”. Regina se indignou e não repassou o texto para seus alunos. “Eu era rebelde desde sempre e fui punida com a transferência de escola”, relatou.