domingo, 22 de janeiro de 2023

Ainda sobre preconceito e intolerância religiosa

Terreiro incendiado em Boqueirão do Piauí
Foto Canal 121.com

O tema intolerância religiosa não se esvai apenas no dia 21 de janeiro. Todos os dias são necessárias ações que esclareçam o quanto é necessário o conhecimento para extirparmos do nosso cotidiano tão dolorosa chaga que atinge centenas de pessoas diariamente.

É longa a história de intolerância religiosa aos adeptos das religiões de matriz africana: perseguição, morte, destruição de espaços sagrados, agressão verbal e tantas outras forma de violência. Ela é fruto de uma construção secular baseada em teorias racistas, que associavam os povos africanos a populações amaldiçoadas ou a uma raça inferior.

No século 15, período que marcou o início das grandes navegações europeias, a relação entre os estados daquele continente e a Igreja Católica era intrínseca. Em nome da fé cristã, países ganharam a chancela religiosa para dominar novos territórios e subjugar populações.
Logo, uma série de teorias baseadas na mitologia judaico-cristã foram criadas para justificar a condenação dos povos não europeus, e consequentemente, sua escravização. Entre elas, a mais popular foi a Maldição de Cam.

Nos nossos arredores o preconceito é grande, chegando-se até à destruição de terreiros em nome da fé cristã. Caso bem recente foi no vizinho município de Boqueirão do Piauí, onde uma tenda foi destruída através de um incêndio criminoso, que até hoje as autoridades policiais não conseguiram descobrir seus autores.

Tanto Pai Flávio de Ogum (ex-gerente de combate à intolerância religiosa da Secretaria de Direitos Humanos dfo Piauí), quanto Pai Rondinelle Santos, coordenador da Associação Nacional dos Povos de Matriz Africana no Piauí, a questão da intolerância que cerca os povos do Axé "é pura falta de conhecimento, quem não conhece a Umbanda, o Candomblé, têm tendências a ser intolerantes".  

 

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