Um dado do Censo 2022 surpreendeu muita gente: o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com o maior percentual de praticantes de religiões de matriz africana. São mais de 306 mil pessoas — o que representa 3,2% da população gaúcha. Mas por que justamente um estado do Sul, historicamente associado à imigração europeia, lidera esse ranking?
A resposta envolve história, resistência e, principalmente, consciência.
Especialistas explicam que o RS tem se destacado por promover ações consistentes contra o racismo religioso e por valorizar as expressões culturais afro-brasileiras. Lideranças de terreiros, movimentos sociais e instituições civis atuam juntas para defender a liberdade de culto e combater o preconceito contra religiões como o Candomblé e a Umbanda.
Outro ponto importante é o reconhecimento do passado escravocrata do estado. Ao encarar essa herança histórica de forma crítica, parte da sociedade gaúcha passou a apoiar políticas de valorização da cultura afro e ações de reparação simbólica.
Além disso, os terreiros no RS são bastante organizados. Muitos estão reunidos em federações, desenvolvem projetos sociais e mantêm diálogo com o poder público. Essa visibilidade favorece não apenas a preservação das tradições, mas também fortalece a identidade dos praticantes.
Em um país onde o preconceito contra religiões de matriz africana ainda é alarmante, o avanço do Rio Grande do Sul representa um exemplo de resistência e transformação. Mais do que estatística, esses dados revelam um processo de afirmação cultural e espiritual que precisa ser reconhecido e respeitado.
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