Nessa tarde que ainda arde, o agosto chegou com ventos, poeira e um céu azul inexplicável. Não chove há tempos e os clarões que ainda vejo, são de foguetes anunciando mais um comício no Cariri.
Aqui é Campo Maior.
Com botecos sempre abertos, com barulho saindo pelas janelas dos carros. Nunca ouço músicos tocando em suas esquinas e desconheço o que seja um cinema com pipoca.
Fito a serra azul, escancarada para todos. Imagino um amor impossível escondido por lá. Quem sabe, só as carnaúbas, um dia poderão me revelar.
Ainda bem que a natureza não inventou um cofre para esconder o açude, pois preciso dele para ter a certeza que serei também olhado e iluminado.
Aqui é Campo Maior.
Mesmo com todos os corruptos e abandono, é nela que penso quando estou para voltar. Não é linda como Paris e nem feia como Bagdá. Poderia ser chamada de Campo Belo, Campo Feliz ou Campo dos Sonhos.
Quando vezes não já sonhamos com ela? Há quantos anos existe a Bona Primo sempre do mesmo jeito, apesar do tempo que passou?
Aqui é Campo Maior.
Morando na mesma rua, na mesma casa... Até parece que a minha infância nunca aca-bou.
Aqui é Campo Maior.
Sergio Emiliano.
Agosto/2012.
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