segunda-feira, 28 de abril de 2014

Pais recorrem ao castigo por mau comportamento para ajudar na educação dos filhos

As estratégias de educação de crianças e adolescentes são aspectos sobre os quais ainda é difícil se chegar a um consenso. A decisão de punir, física ou psicologicamente e, principalmente, a medida desta penalidade ainda divide opiniões. Pais, educadores, psicopedagogos e outros profissionais concordam que a punição física, as famosas palmadas, deve ser evitada, mas quanto a privar os filhos de algo que eles gostem, ou seja, aplicar-lhes castigo, caso desrespeitem as regras, não há um pensamento comum. Neste caso, pais e especialistas afirmam que baseiam suas atitudes em experiências anteriores e em estudos de teóricos do tema.

A opção por punir um mau comportamento de crianças e adolescentes, e a forma de puni-los varia conforme o educador seja ele pai, mãe ou professor. É o que afirma a psicopedagoga Eliane Santa Cecília, que diz que a expressão “castigo” não deve ser mais utilizada na educação. “O que costumamos dizer é que vamos combinar normas de boa convivência, que devem ser cumpridas. A sanção acontece em muitas situações. Tanto no âmbito familiar quanto escolar, eu tenho que construir valores, princípios sem se apegar à questão de castigo”, disse.

Segundo ela, um aspecto importante a ser observado pelos pais e educadores é estabelecer punições e recompensas de acordo com o que foi combinado. “Se a criança cumpre o acordo, ela pode ser recompensada, da mesma forma que se ela não cumpre, pode ser punida. Mas, tudo tem que ter a ver com a proposta. Por exemplo, se o problema está na escola, se ela deveria ter se saído melhor nas provas e não o fez, de nada adianta proibi-la de usar o computador. A orientação é que os pais a façam estudar por mais tempo”, afirmou.

Ela defende que a presença constante de pais e professores no processo de educação da criança é uma boa estratégia para evitar problemas futuros. “Acho que nem professores nem pais precisam lançar mão de punições físicas morais para se atingir o objetivo. Ainda acredito em negociações e formação do indivíduo enquanto pessoa”, disse.

Lei da palmada depende de aprovação

Para proibir a aplicação de castigos físicos ou tratamentos cruéis na educação de crianças e adolescentes, o poder Executivo apresentou, em julho de 2010, o projeto de lei 7672/2010, conhecido como Lei da Palmada. De acordo com a advogada civil Viviane Espíndula, a medida está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), mas ainda não foi votada por falta de quórum suficiente. “O que se percebe é uma falta de interesse do Congresso em julgar esse assunto”, afirmou.

Enquanto o projeto de lei não é aprovado, o que prevalece é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “A legislação define que a pessoa que maltratar uma criança ou adolescente será passível de punição, mas o ECA não especifica que tipos de maus tratos são esses, e nem quais as sanções. O projeto de lei em tramitação visa regulamentar isso”, disse.

Segundo ela, o projeto deve ser revisto para evitar que mais uma lei seja criada sem ter aplicação. “Não adianta fazer mais leis para não serem colocadas em prática. Em casos de agressão, a punição já existe, então não é o fato de dar uma palmada que vai configurar maus-tratos”, afirmou.

Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/

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