quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Jacob Fortes e a tragédia do Chapecoense

A TRAGÉDIA DA ROLETA-RUSSA. (Por Jacob Fortes. 05.12.2016).
Os atletas da chapecoense, Santa Catarina, foliando e cantarolando, voaram alto, em direção à Colômbia, em busca de uma taça, sul-americana. Comichava-lhes o propósito de mostrar ao estrangeiro os seus talentos, amplamente conhecidos entre as quatro linhas brasileiras; reluzir além-fronteira, arrebanhar troféu internacional. Porém, em vez de troféu, foram arrebatados por um acidente fatídico. O combustível que sustinha o avião da empresa Lamia exauriu-se minutos antes da aterrissagem. A aeronave desabou, se fez tragédia, que ainda ecoou pelo mundo, 71 mortos, além dos mutilados.

Vê-se pelos órgãos de comunicação que voar no limite da capacidade de combustível era procedimento habitual naquela aeronave. A prática, maldita, de voar com incerteza de autonomia, derivava de uma coragem, estúpida, tão insana quanto o ato de brincar de roleta-russa: (apontar o cano da arma para si ou para outrem, sem conhecer a posição exata da bala, dentro do tambor do revólver).  O Brasil, enlutado, recebe, pranteia e vela seus mortos, 71, cada qual no seu envoltório de madeira; aguarda o regresso dos que ficaram sob os cuidados sacerdotais de Medellín. E a comoção se expande, a brasilidade ainda chora!

Que não suceda ao Brasil tragédia semelhante, mas se o fadário se impuser que não lhe falte, nessas horas incertas, uma Medellín para acudir, para despachar socorros capitais. Em nome dos brasileiros e do sentimento de gratidão que lhes demarca, ergo ao povo de Medellín, Colômbia, o mais elevado preito de admiração e gratidão.


Apesar de a equipe haver-se sucumbido, a chapecoense há de restaurar-se, soerguer-se; não desertará do ideal de ser sempre uma vencedora. Porém, não custa reflexionar: voos módicos não são necessariamente os mais seguros; podem até denotar impertinência quando se trata de transportar valorosos guerreiros que, com bravura, puseram em alto-relevo as cores chapecoenses e do Brasil.

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