A TRAGÉDIA DA ROLETA-RUSSA.
(Por Jacob Fortes. 05.12.2016).
Os atletas da
chapecoense, Santa Catarina, foliando e cantarolando, voaram alto, em direção à
Colômbia, em busca de uma taça, sul-americana. Comichava-lhes o propósito de
mostrar ao estrangeiro os seus talentos, amplamente conhecidos entre as quatro
linhas brasileiras; reluzir além-fronteira, arrebanhar troféu internacional. Porém, em vez de troféu, foram arrebatados por
um acidente fatídico. O combustível que sustinha o avião da empresa Lamia exauriu-se
minutos antes da aterrissagem. A aeronave desabou, se fez tragédia, que ainda
ecoou pelo mundo, 71 mortos, além dos mutilados.
Vê-se pelos
órgãos de comunicação que voar no limite da capacidade de combustível era
procedimento habitual naquela aeronave. A prática, maldita, de voar com
incerteza de autonomia, derivava de uma coragem, estúpida, tão insana quanto o
ato de brincar de roleta-russa: (apontar o cano da arma para si ou para
outrem, sem conhecer a posição exata da bala, dentro do tambor do revólver). O Brasil, enlutado, recebe, pranteia e vela seus
mortos, 71, cada qual no seu envoltório de madeira; aguarda o regresso dos que
ficaram sob os cuidados sacerdotais de Medellín. E a comoção se expande, a
brasilidade ainda chora!
Que não suceda ao
Brasil tragédia semelhante, mas se o fadário se impuser que não lhe falte,
nessas horas incertas, uma Medellín para acudir, para despachar socorros
capitais. Em nome dos brasileiros e do sentimento de gratidão que lhes demarca,
ergo ao povo de Medellín, Colômbia, o mais elevado preito de admiração e
gratidão.
Apesar de a
equipe haver-se sucumbido, a chapecoense há de restaurar-se, soerguer-se; não
desertará do ideal de ser sempre uma vencedora. Porém, não custa reflexionar: voos
módicos não são necessariamente os mais seguros; podem até denotar
impertinência quando se trata de transportar valorosos guerreiros que, com
bravura, puseram em alto-relevo as cores chapecoenses e do Brasil.
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