quinta-feira, 4 de agosto de 2016

COTAS PODEM ACABAR: Mais uma para massacrar os avanços sociais:

Nossa!" Até dá um arrepio na espinha quando imaginamos que muitos dos avanços sociais, em especial os que procuram diminuir as distorções culturais do país, podem de uma só canetada serem extinguidos pelo governo racista que está se instalado no Brasil.

Um projeto criminoso contra cotas


Considerando o currículo vergonhoso que o governo interino tem acumulado desde a posse, o ataque ao regime de cotas no serviço público até que estava demorando. Anunciado pelo Ministério do Planejamento, que responde pelo sistema de contratações da administração federal, é uma iniciativa que merece repulsa absoluta.
O esforço sem limites para garantir todo e qualquer apoio social para compensar sua fraqueza de origem levou o governo Temer a cortejar o eleitorado racista, ha bituado se esconder na teoria, muito conveniente para os brasileiros brancos, de que vivemos sob uma democracia racial.
Vamos combinar que era só uma questão de tempo.
Vitória histórica contra a discriminação e suas sequelas, admitidas por estudos acadêmicos de várias correntes de pensamento, a política de ação afirmativa sempre foi questionada por lideranças interessadas na manutenção de um sistema de privilégios apoiado na exclusão de mais de 50% dos brasileiros que trazem a descendência africana na pele, nos cabelos, nos olhos e, especialmente, em 400 anos de exclusão social, perseguição e violência.
A ideia de formar comissões que irão avaliar se uma pessoa tem descendentes negros -- ou se está mentindo para obter vantagens -- é ridícula como demonstração de ignorância sobre o conceito de "raça". Também é grotesca como projeto de Estado. 
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, quando a ONU realizou estudos sobre a origem do racismo, sabe-se que não há base científica para se definir raças humanas, como sintetizou o sábio Claude Levi Strauss, um dos gênios do século XX.
Isso porque os seres humanos tem uma formação genética diferente daquela que pode ser encontradas em cães -- que podem ser pastores, boxers, labradores e até vira-latas -- ou gatos, angorás ou siameses. Avaliando o horror do holocausto, que tinha no programa de extermínio de judeus seu maior instrumento ideológico, Levi Strauss explicou que raça é cultura. Partindo dessa lição do mestre, que seria confirmada décadas mais tarde pelo estudo de DNA das populações do planeta,  pode-se entender queos cidadãos que forem escalados para dizer se determinado sujeito é branco, ou negro, ou não passa de uma fraude, estarão expressando, acima de tudo, seus próprios preconceitos e convicções. Imagino o dedo em riste. As sombrancelhas duras. A voz indignada. Tudo para tentar submeter e envergonhar. Nos tempos de Hitler, os suspeitos eram convidados a colocar o pinto para fora das calças, caso fosse necessário dirimir maiores dúvidas.

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