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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

O veneno que escapa à fiscalização


    As recentes ocorrências de intoxicação por metanol em bebidas destiladas revelam, mais uma vez, a alarmante fragilidade da legislação e da fiscalização no Brasil. Enquanto o país contabiliza mortes e internações, o comércio clandestino de bebidas adulteradas continua a agir impunemente, explorando brechas legais e a lentidão do poder público. Não é de hoje que o mercado ilícito de destilados prospera à sombra da negligência estatal. Falta rigor na rastreabilidade da produção, na concessão de licenças e no controle da circulação do etanol industrial, frequentemente desviado para uso criminoso.
    Os alertas do Ministério da Saúde e as ações emergenciais do governo, embora necessárias, chegam tarde para as vítimas. A ausência de políticas preventivas e de fiscalização contínua torna as medidas reativas e insuficientes. Além disso, a desarticulação entre os órgãos responsáveis — Receita Federal, Anvisa, Ministério da Justiça e secretarias estaduais — cria um vácuo de responsabilidade que favorece o crime e põe em risco a saúde pública.
    Urge uma reforma profunda na política de controle de bebidas alcoólicas. É preciso fortalecer os sistemas de monitoramento, endurecer as penas para adulteração e garantir a presença do Estado nas etapas de produção e distribuição. Enquanto o lucro fácil falar mais alto que a vida, e o Estado permanecer inerte, o copo do brasileiro seguirá exposto ao risco de conter veneno em vez de celebração.


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