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No palanque da irresponsabilidade, o vereador Bebe Água tenta justificar o injustificável. |
Um discurso lamentável proferido pelo vereador José Carlos (MDB), conhecido como Bebe Água, durante sessão da Câmara Municipal de Capela (SE), na última terça-feira, gerou indignação nas redes sociais e levantou questionamentos sobre a responsabilidade de agentes públicos ao se manifestarem em espaços institucionais.
Ao tentar comparar disputas políticas com relacionamentos abusivos, o parlamentar afirmou:
“Infelizmente, na política tem essas coisas, quem mais maltrata é beneficiado [...]. É a mesma história, quanto mais apanha, é que a mulher mais gosta do homem. [...] É a verdade, é a vida.”
A fala, carregada de machismo e naturalização da violência doméstica, foi amplamente criticada. Em resposta à repercussão negativa, o vereador afirma que foi “mal interpretado” e que a frase foi “tirada de contexto”, embora reconheça que a colocação foi infeliz.
Diante da pressão popular, Bebe Água voltou à tribuna nesta ontem (quinta-feira,22) para se retratar:
"Reconheço que errei e reconheço a gravidade das palavras utilizadas [...] a violência contra as mulheres é um problema que precisa ser combatido com firmeza."
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE) exigiu que a presidência da Câmara tome providências para apurar a conduta do vereador, considerada inaceitável para quem ocupa cargo público. A entidade reforçou que manifestações como essa reforçam estigmas e colocam em risco os avanços no combate à violência de gênero.
Em tempos de luta por respeito, igualdade e justiça, declarações como a de Bebe Água escancaram o quanto ainda há a se caminhar — inclusive dentro das casas legislativas.