Os guerreiros de Campo Maior já foram mortos com balas de canhão e agora morrem novamente com a cidade que agoniza. É a história se repetindo. A tradução de “descaso” se revela com o que ocorre por aqui.
É o fim de um governo que nunca começou e que vai embora pela porta dos fundos deixando salários atrasados, lixo nos quatro cantos e desgoverno. É o nosso presente de natal, que nesse ano vem sem as luzes, sem decoração pelas praças e monumentos.
Falta dinheiro, o comércio definha e a tradição natalina vira apenas uma data no calendário. Nas lojas, cada uma ostenta em suas entradas uma enorme caixa de som tocando forró o dia inteiro.Não se respeita os ouvidos dos clientes, não se respeita escolas, e para completar, vários carros com propaganda fazem poluição sonora livres de multas, cobertos de razão.
No fim de ano veremos uma carreata rumo ao litoral fugindo da falta de atrações por aqui.Não teremos bandas na praça, comeremos o mesmo cardápio e beberemos para esquecer de todos os males imaginando um deserto recheado de diversão.
Nas churrascarias, televisores ficam sintonizados nas novelas ou em som de bandas de forró.Somos atendidos por garçons arrogantes, comida ruim e roubo nas contas.Até o gosto da carne de sol já não é o mesmo. Que venha o tambaqui.
Enquanto isso, somos assediados por viciados em crack implorando por cinco reais.Antes eram dois reais.Bons tempos aqueles...
A polícia já não dá conta dos homicídios, dos assaltos e roubos.
A ambulância do SAMU vive eternamente suja de sangue pois não têm tempo de lavar. É mais uma batida de motos que acontece e que nem ligamos mais.São os acidentes que se banalizam diante dos nossos olhos. Os guardas de trânsito sumiram, do mesmo modo que o dinheiro dos seus contracheques.
Salve-se quem puder. Como não ter receio de uma situação assim? Eu observo a cidade, moro nela desde que nasci, tenho o pleno direito de protestar, de querer o seu melhor. Eu exijo que ela melhore, vire um espaço de vergonha para se viver.
E o que dizer da situação do açude? Em sua lenta agonia, a poluição jogada pelos seus vizinhos mais próximos mostra a sua revolta. Ainda bem que eles são os primeiros a sofrer com a podridão que exala. Os que aterraram o açude fazendo os seus “puxadinhos” que o digam. O cheiro de merda e urina chega primeiro nas narinas deles e dos donos de bares e churrascarias. É a maldição do gigante que agoniza junto com a cidade.
No lixão, mais uma família se instala por lá e tem como cúmplice, a alegria dos urubus que sobrevoam os telhados empoeirados do Renascer.
Demos mais uma oportunidade ao Paulo Martins esperando um governo sério e justo, pois a cidade já não suporta tantos descasos. Espero que ele tenha aprendido o que é uma cidade ser abandonada, jogada a sua própria sorte. Chega de concessões, basta de negociatas, vamos salvar Campo Maior.
Sergio Emiliano.
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