Candidatos do Enem 2012 devem sair em passeata em pelo menos 13
cidades do País na tarde desta quarta-feira, 2, para protestar contra a
correção da redação. Os alunos querem que o Ministério da Educação (MEC)
garanta o direito à vista da prova e a possibilidade de revisão dos
textos para quem se sentir prejudicado.
Os protestos estão sendo
organizados pelo Facebook. Só o grupo "Ação Judicial - Redação Enem
2012" reunia 25,3 mil membros até as 12h15 desta quarta. A comunidade
foi criada na última sexta-feira, após a divulgação dos boletins de
desempenho dos candidatos do Enem.
A redação tem forte impacto na
nota final do exame, que é utilizado como vestibular pela maioria das
instituições públicas de ensino superior do País. As inscrições para as
129 mil vagas oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu)
começam na segunda-feira, 7.
Os participantes do grupo lançaram um
abaixo-assinado virtual para subsidiar uma eventual ação judicial com
pedido de liminar contra a União e o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelo Enem. O
documento, que já tem 8,5 mil assinaturas, deve ser entregue ao
Ministério Público Federal (MPF) e à Defensoria Pública da União (DPU)
nesta quarta.
Na petição pública, os estudantes dizem querer a
concessão de vista da prova de redação "em tempo hábil para contestação"
bem como o direito a recurso administrativo. "Destacamos a necessidade
de urgência da ação ante a necessidade de se inscrever no Sisu, que é o
único critério para selecionar candidatos a vagas na maioria das
universidades federais", afirma o documento.
O Inep não aceita
pedidos de revisão da nota da redação. Segundo a Assessoria de Imprensa
do MEC, neste ano será cumprido o Termo de Ajustamento de Conduta
assinado com o MPF para que os candidatos tenham acesso ao espelho da
correção da prova. A "vista pedagógica" estará disponível a partir de 6
de fevereiro, pela internet.
Ainda de acordo com o MEC, foram
tomadas outras "medidas de aperfeiçoamento" na correção da redação.
Entre elas a diminuição da discrepância entre as notas dadas pelos dois
avaliadores para que o texto fosse lido por um terceiro corretor, além
da criação de uma "segunda instância", ou seja, uma nova banca
avaliadora, para os casos em que as discrepâncias persistiram após a
análise do terceiro corretor. "Os critérios estavam bem definidos e
todos os itens do edital foram seguidos", afirma o ministério.
Os
alunos insatisfeitos com a correção, no entanto, dizem que não estão
reclamando de notas baixas, mas de "notas injustas" e da
"arbitrariedade" do Inep por não conceder possibilidade de revisão da
pontuação. No Facebook, o grupo argumenta que "o problema da redação não
é pontual e tem que ser resolvido com seriedade" pelo MEC. Segundo os
estudantes, a correção funciona como um sorteio de loteria.
Os
candidatos também apontam como possível solução o adiamento da
divulgação do resultado da primeira chamada do Sisu, prevista para sair
no dia 14, até que as provas sejam recorrigidas.
'Fator surpresa'
Os
candidatos que fizeram o Enem nos dias 3 e 4 de novembro tiveram de
escrever uma redação sobre movimentos de imigração para o Brasil no
século 21. O tema foi considerado inesperado e difícil por alunos e
professores. Especialistas consultados pelo Estado após a prova
afirmaram que a complexidade poderia resultar em queda média do
desempenho dos alunos.
Fonte: Estadão
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