Gosto muito dos artigos de opinião. Textos em sua maioria densos de pontos de vista conflitantes, vigorosos, vivos. Garimpo-os na Grande Rede para abrilhantarem os recursos que devemos levar à sala de aula para incitar o debate, as múltiplas opiniões dentro de uma única opinião.
Trago, nesta noite de hoje (Natal de 2019), interessante texto do Doutor em História Daniel Medeiros que busca colocar no foco do nascimento do Menino-Deus, a figura tão emblemática de José, esposo de Maria, Mãe de Jesus.
A figura que mais me encanta no Natal é José. Acho incrível que José aceitou a história de Maria. Um anjo veio e disse que ela teria um filho de Deus. Ela então conta para José e José acredita, aceita e acolhe. Cria o menino como seu, corre riscos por ele, ama e educa. O carpinteiro José, discreto e humilde. Que homem. Admiro e sinto-me muito pequeno diante da lembrança dele.
Imagina hoje: um José, quantos existem? O menino Jesus, pequenino ainda, um belo dia some e quando o encontram está lá conversando com os rabinos. Bronca? Castigo? Nada. O bom e velho José aceita e acolhe. Ele é uma Constituição, com fundamentos e princípios claros de como criar um salvador. E assim chegou Jesus à vida adulta. E foi para o sacrifício. E é principalmente nesse momento que a minha fantasia diverge da fantasia comum.
Esse Jesus que brigou com os vendilhões do templo, enfrentou as autoridades religiosas, aceitou as acusações injustas, o sofrimento físico e a morte na cruz era assim porque era o filho que José criou, com firmeza de caráter, determinação de ideias, coragem de assumi-las e sustentá-las. Pois quem mais deu um exemplo desses a Jesus? Deus, distante e ambíguo, incapaz de um tête-à-tête direto com Maria, a ponto de mandar um mensageiro para uma decisão tão fundamental? Não. José, esse sim foi o macho da porra que deveria ser lembrado e celebrado como o modelo do homem que compõe, agrega, aceita e assume o amor da mãe – a Maria que gerou o menino que foi salvo por José, rápido no gatilho, que soube que deveria fugir quando o rei maluco queria matar todos os primogênitos. Poderia ter aí, José, testado o Deus fecundador.
Ora, se é Deus, por que sou eu, o carpinteiro, que tenho de fugir, correr riscos, dormir ao relento, ver minha esposa dar à luz em meio aos bichos, para salvar o filho que nem é meu? Mas José não entrou nessa discussão cheia de testosterona com o Pai celestial. Fez a parte dele. E sem cobrar crédito ou reivindicar privilégios. Fez e pronto.
Nasceu o menino Jesus, bonitinho, moreninho, os cabelos e olhos negros como os do lugar, o choro de criança saudável, logo buscando o seio materno, o amor materno. O pai, sabe Deus onde estava. Mas José estava ali, ao alcance da mão. Esse José eu brindo no Natal. Sem ele, não haveria Jesus. Ou haveria. Mas não seria amoroso e cheio de compaixão. Jesus teve com quem aprender. E aprendeu. Mazal Tov.
Crédito da publicação do artigo de opinião: Correiodoestado.com.br
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