Religiões de matriz africana, como
umbanda e candomblé, exercem forte influência na cultura brasileira, no
entanto, comunidades de terreiro são estigmatizadas e alvos de ódio
por Patricia Iglecio, da RBA
publicado
19/09/2014 11:57
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tomaz silva/agência brasil
Samba, carnaval, acarajé, feijoada e jogos de búzios são elementos populares da cultura brasileira de origem africana
São Paulo – O dia 21 de setembro será marcado, no
Rio de Janeiro, pela realização da 7ª edição da Caminhada em Defesa da
Liberdade Religiosa. A mobilização é uma iniciativa da Comissão de
Combate a Intolerância Religiosa (CCIR) e coloca cada vez mais pessoas
nas ruas pela liberdade de culto. Neste ano, com a disputa eleitoral em
curso, a entidade busca sensibilizar a sociedade sobre o tema,
reivindicar mais ação do poder público diante à violência e
discriminação contra comunidades religiosas vulneráveis no Brasil,
representar politicamente esses grupos e combater os discursos de ódio.
Além disso, o evento estará pautado por acontecimentos recentes que
expõem os perigos do fundamentalismo religioso que confronta direitos
humanos e agride os princípios do Estado laico, inclusive o crescimento
de denúncias de ataques a cultos afro-brasileiros em órgãos como a
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Ordem dos
Advogados do Brasil.
Em 2008, ano em que a CCIR foi criada, 20 mil pessoas aderiram a 1ª
edição da caminhada. O maior público se deu na 5ª edição, em 2012,
quando 210 mil lotaram às ruas do Rio de Janeiro. A comissão é uma
organização da sociedade civil, criada por lideranças religiosas de
umbanda e candomblé, mas que agrega espíritas, judeus, católicos,
muçulmanos, malês, bahá’ís, evangélicos, hare Krshnas, budistas,
ciganos, wiccanos, seguidores do Santo Daime, ateus e agnósticos.
Outras entidades sociais e ainda representantes do Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro, do Ministério Público e da Polícia Civil a
compõe. Como é o caso do delegado Henrique Pessoa, titular da 79ª
Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro. Ele atua na área desde 2009, com
a atenção voltada às religiões afro-brasileiras, que, de modo geral,
localizam-se em regiões de vulnerabilidade social e são estigmatizadas.
O delegado conta que a entidade foi criada por religiosos que
observavam um aumento da violência contra as comunidades. Recentemente,
ele mesmo se viu numa situação de conflito físico motivada por
intolerância. Atacado por 20 evangélicos neopentecostais no último dia
3, entrou em confronto com o grupo liderado pelo pastor Tupirani da Hora
Lopes, da igreja evangélica neopentecostal Geração Jesus Cristo.
Henrique Pessoa alega que é perseguido pelo grupo desde que assumiu as
bandeiras da defesa da liberdade religiosa e dos direitos humanos das
comunidades afro.
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