
Sistema
Para
o professor, o que falta ao Brasil é a construção de um Sistema
Nacional de Educação. Reivindicado e “perseguido” pelos educadores
comprometidos desde a década de 1930 do século passado, o sistema daria
uma diretriz mais geral para que cada estado e município pudessem
executá-la dentro das especificidades e características de cada local. A
dificuldade para implementar esse sistema, na avaliação do professor,
vem da concepção federativa do Brasil, que nem sempre entende a
federação com os associados mais livres para suas ações, mas quer todos
voltados para finalidades nacionais. “Precisa-se construir algo em
termos de nacional, mas pode ter muitos caminhos”, argumentou.
Projetos fracionam recursos federais
Na
conferência de encerramento do seminário, deominada “A pesquisa e a
formação de professores na pós-graduação em educação: programas e
orientações governamentais”, José Luiz Sanfelice citou que a existência
de centenas ou milhares de programas educacionais implementados no
Brasil demonstra que não estamos parados. Mas esse excesso causa o que
chama de super fracionamento dos recursos destinados eles, muitos dos
quais criados por interesses de grupos de pressão ou de políticos que se
assenhoreiam desses programas e menos para atender ao interesse público
real.
Ao
destacar que muitas experiências vêm acontecendo no País, o que não nos
deixa parados, Sanfelice insiste na temática do Sistema Nacional de
Educação. “Precisamos de diretrizes em âmbito nacional e para isso os
órgãos gestores teriam que dividir responsabilidades com seus estados e
municípios para que o recurso que efetivamente é liberado para a
educação se converta em recursos da educação”, afirmou ele, criticando o
fato disso não ser verdade hoje. Segundo o professor, nem sempre o
dinheiro é usado para aquilo que foi determinado, já que há artifícios
políticos para isso, o que é lamentável.
Utopia
Mesmo
assim, Sanfelice prega a manutenção da utopia, no sentido positivo, de
querer aquilo que não existe e que queremos conquistar. Esse sentimento,
ele traduz na área da educação para a defesa de uma educação pública,
gratuita, de qualidade e emancipadora, capaz de ajudar a desalienar os
indivíduos. “Por isso precisamos enquanto educadores manter a utopia”,
argumentou.
Para
José Luiz Sanfelice, o Estado de São Paulo não pode ser exemplo de boa
educação no Brasil. Lá existem os maiores comprometimentos em relação a
formação de professores e de salários, pois eles trabalham hoje com
contratos precários e baixos salários quando comparados nacionalmente e a
ausência de um Plano Estadual de Educação, que são questões essenciais,
não solucionadas pelos últimos governos. Outro sintoma da gravidade dos
problemas da educação paulista é a crise de recursos nas três
universidades públicas, nas quais não se cria um programa para a
carreira dos professores na rede e são os últimos em salário.
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