Mariana Tokarnia - Enviada Especial* - Agência Brasil
06.09.2014 - 12h37 | Atualizado em 06.09.2014 - 14h17
As mulheres com formação técnica são maioria no mercado de trabalho,
representam 55%, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais)
do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2013. Elas chegaram a 2,9
milhões no mercado formal, que inclui indústria, construção, comércio,
serviços e agropecuária.
A participação, no entanto, varia com a área, a maioria está no setor
de serviços, com 2,5 milhões. Na indústria e construção, são 238 mil e
representam 25% do total de técnicos.
"Existem muitas barreiras, ainda culturais ou preconceituosas, sobre
algumas profissões. Tem-se a ideia de que são trabalhos tipicamente
masculinos, em função até da história da profissão de base, de que tem
que fazer muito esforço", diz o gerente de Estudos e Prospectivas da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Márcio Guerra.
Ele ressalta, no entanto, que esse cenário tem mudado e as mulheres
chegam a ser maioria em setores como o de eletroeletrônica, "onde existe
nível de perfeccionismo no trabalho, de concentração e detalhe. A
mulher tem todas estas características e pode se destacar cada vez mais a
medida que vai acessando a qualificação".
Na Olimpíada do Conhecimento, organizada pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai), as mulheres provam que dão conta do
recado e se destacam em áreas majoritariamente masculinas. "As mulheres
tem garra, força de vontade, estão se destacando", diz a chefe de equipe
de Minas Gerais, Natalia Trindade. "Elas têm muita determinação.
Precisam disso para se colocar em áreas predominantemente masculinas".
Segundo Natalia, na área em que atua, eletrônica, os salários são
equiparados aos dos homens. "Elas, no entanto, crescem mais rápido nas
empresas. Pelo que acompanhamos, as mulheres recebem promoções mais
rápido do que os homens", diz a chefe de equipe.
Os números do mercado refletem nos da Olimpíada. As mulheres ainda são
minoria nas competições, pouco mais de 20% dos 700 competidores. Mas,
neste ano, chegaram a 161, 20 a mais que na última edição.
Camila Araújo é a única mulher no torneio de tornearia, ela é da equipe
de Natália, e vem de Contagem. "Não existe preconceito, fazemos tudo
que um homem faz. Existem recursos que fazem com que não precisemos de
usar tanto a força", diz a profissional. Segundo ela, o único
pré-requisito é a força de vontade: "Se quiser, consegue qualquer
coisa".
Cleidejane Santos escolheu soldagem. Baiana, de Salvador, ela conta que
na época que optou pelo curso, foi por eliminação, descartou o que não
gostava, mas não sabia do que se tratava. Hoje é apaixonada pela
profissão. Pretende seguir estudando, se especializando e quer atuar no
mercado. Um sonho é trabalhar em soldagem submarina em plataforma de
petróleo.
Para ela, ser mulher é vantagem. "Geralmente somos mais detalhistas,
mais dedicadas. A solda é aparentemente algo grosseiro, mas alguns
processos exigem delicadeza", disse.
A Olimpíada do Conhecimento é a maior competição de educação
profissional das Américas.
Ela ocorre a cada dois anos pelo Senai. O
evento que acontece em Belo Horizonte está na oitava edição. Participam
mais de 700 jovens.
*A repórter viajou a convite do Senai
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