São Paulo – Entidades
voltadas à área de educação lançaram a campanha “Eu Quero
Minha Biblioteca”, que tem como objetivo fazer com que os prefeitos
eleitos nas cidades de todo o país assumam o compromisso de criar as
condições necessárias para a implementação de mais bibliotecas.
Christine
Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo,
responsável pelo lançamento da campanha, explica que já há
legislação nesse sentido. “A Lei 12.244, instituída em
2010, determina que até 2020 todas as instituições de ensino do
país, públicas e privadas, devam ter uma biblioteca. E há recursos
para a educação que podem e devem ser utilizados para criar e
manter bibliotecas. A campanha visa a efetivação da lei”, disse
em entrevista à Rádio Brasil Atual.
A educadora ressalta ainda que no início do ano serão enviadas publicações
impressas para prefeitos de todo o Brasil e secretários municipais
de Educação para que eles tenham o conhecimento desta lei e dos
recursos públicos para a criação das bibliotecas.
Segundo
dados da Secretaria Municipal da Cultura, existem 52 bibliotecas
públicas na cidade. Nenhuma unidade foi inaugurada este ano. Apenas
três delas estão sendo reformadas, ainda sem prazo para entrega,
como a Biblioteca Prestes Maia, na zona sul da capital paulista. A
reforma está atrasada em dez meses.
A
presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia do estado São
Paulo, Cristiane Camizão Rokicki, afirma que o número de bibliotecas no
município é muito baixo. “O fato de a maior capital do Brasil ter
tão poucas bibliotecas públicas é resultado de falta de
investimento na educação e na cultura.”
Cristiane afirma que a falta de investimentos municipais destinados a estes
equipamentos públicos faz com que a sociedade se mobilize para ter
espaços alternativos de leitura. “Estamos observando um
crescimento no número de profissionais que querem pedir apoio para
montar bibliotecas comunitárias e ações de parcerias que
incentivam a leitura”, diz. Ela explica que a campanha “Eu
Quero Minha Biblioteca” é uma forma de cobrar os candidatos para
que olhem com mais afinco sobre esta questão.
De
acordo com indicadores de 2011 do Observatório do Cidadão da Rede
Nossa São Paulo, dos 96 distritos da cidades, apenas dois cumprem a
meta da Unesco de oferecer dois livros por habitante. A situação é
mais precária para crianças e adolescentes que moram nas regiões
de subprefeituras de regiões periféricas, como em Cidade Ademar e
São Mateus, onde o indicador é zero.
Segundo
Christine, há uma exclusão cultural da população de bairros
localizados nos extremos da cidade. “São bairros em que inexistem
outros equipamentos culturais. A biblioteca é apenas um dos itens de
acesso à cultura que nós não encontramos nestas regiões.” A
iniciativa dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), criados na
gestão da prefeitura de Marta Suplicy (PT), é elogiada por Christine nesse sentido. “O CEUs foram iniciativas ótimas, porque
além de escola levaram aparatos culturais para a população.”
A
Academia Brasileira de Letras, o Conselho Federal de Biblioteconomia,
a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o Instituto de
Co-Responsabilidade pela Educação, o Movimento por um Brasil
Literário, o Instituto Ayrton Senna, a Rede Marista de Solidariedade
e Todos pela Educação são as organizações envolvidas na campanha. O
site www.querominhabiblioteca.org.br traz mais informações.
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