Por Gazeta de São João del-Rei em 13/10/2012
Por Aluízio Barros
As pessoas costumam confundir educação com escola. Daí vem o apoio a
propostas equivocadas de alguns políticos em busca de votos. Uma delas é
aquela que quer tornar obrigatório o ensino de Moral e Civismo nas
escolas. Escola e universidade são espaços para o saber especializado
que não se aprende na comunidade. Educação é o meio para o
desenvolvimento das potencialidades do ser humano. Pode acontecer na
rua, na igreja, em casa, na quadra de esportes e em outros espaços de
convivência.
Na Sociologia da Educação, Émile Durkheim explica que “sob o regime
tribal, a característica essencial da educação reside no fato de ser
difusa e administrada indistintamente por todos os elementos do clã. Não
há mestres determinados, nem inspetores especiais para a formação da
juventude: esses papéis são desempenhados por todos os anciãos e pelo
conjunto das gerações anteriores”.
No Brasil, a prática do futebol tem dado sua contribuição negativa no
sentido de deseducar nossas crianças e adolescentes. O comentarista
esportivo Tostão tem denunciado com veemência a excessiva tolerância da
mídia “com a mediocridade e a violência nos gramados”. Recentemente ele
escreveu na sua coluna o seguinte texto:
“A maioria das partidas do Brasileirão é truncada, como a entre
Atlético e Grêmio, dois candidatos ao título, porque os árbitros marcam
muitas faltas e também porque os jogadores se preocupam mais em dar
trombadas, reclamar, discutir e simular do que jogar futebol.
É a união de hábitos ruins com a má educação dos jogadores e a
conivência dos técnicos, que não têm nenhum compromisso com a qualidade
do espetáculo. Soma-se a tudo isso a excessiva tolerância de parte da
imprensa com a mediocridade e a violência nos gramados”.
No campo da política, podemos observar a mesma tolerância do
brasileiro com a corrupção. É lamentável que o comportamento de um
presidente da República popular não tenha contribuído em nada para a
educação moral e cívica do nosso povo. Aqui o chefe da nação tem como
valor supremo o uso da esperteza para subir na vida.
Em entrevista ao jornal O Globo, um professor da Universidade de
Columbia, Michael Schudson, ressaltou que “não há educador mais
importante do que o chefe de Estado. Aqui nos EUA, o presidente, por seu
exemplo e pelos preceitos que propõe, pela forma como mostra
preocupação com o bem público, como negocia com os oponentes, todos nós
aprendemos muito com isso. Não é muito educativo passar a mensagem de
que vale tudo”.
No vale tudo da política e do futebol brasileiro, as caneladas e as
simulações ridículas das nossas celebridades estão a refletir nossa
complacência com a falta de respeito pelas pessoas e pelas regras do
jogo.
* são-joanense e professor universitário
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