Muito antes da decoração natalina eles já ganharam os comerciais na televisão, já estão nas prateleiras e vitrines das lojas.Sobre eles, olhos de consumo, de cobiça e a felicidade de saber que é fim de ano outra vez.
Comprar é mágico e os corredores dos shoppings são como campos de rosas que não ousam mostrar seus espinhos. Nesses ambientes refrigerados, tudo cheira a perfeição: é a beleza das luzes, a alegria das crianças querendo beijar o Papai Noel, os dedos digitando senhas e até o corre-corre de última hora vira um programão.
De todos os lados vem um cheiro de chocolate, pipoca e pizza. As pessoas flutuam, acham que todos merecem presentes e assim, serão felizes para sempre. Uma ala inteira de uma UTI deveria ser montada na praça de alimentação de um shopping. Antes do Natal eles estariam curados, ávidos por viver e secar uma torre de chopp com fritas.
Ai daqueles que não viveram histórias de cartões estourados, brigas com o marido por causa da fatura e compras desnecessárias. Besteira! Faz parte da festa, faz parte da gastança, amém!
As vendedoras das lojas não têm rosto, cor e sexo.São só sorrisos, um enorme sorriso.-Crédito ou débito? Já é nosso cliente? Aceita um cafezinho? Podemos dar um bom desconto à vista. São perguntas que parecem vindas de um sanguessuga, o símbolo da capitalismo. Sem pena, sem dó, sem alma... Mas o mundo na época do natal vira um absurdo.Somos abduzidos pela magia da troca de presentes, pela comida farta, pelo rito de passagem, pelo ciclo que se fecha, pela união das pessoas e nunca pela religiosidade, que vira só mais um detalhe.
A ordem que encaram como natural é comprar. Consumir, deixar seus bolsos vazios e assim preencher suas almas aflitas. Resta o consolo de fazer a economia fluir, de gerar empregos temporários e enriquecer a indústria chinesa.
Sergio Emiliano.
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