O Dia Mundial do Hanseniano (26 de janeiro), no
último domingo de janeiro, foi criado em 1954 pela Organização das
Nações Unidas (ONU) e tem extrema importância social, pois alarma a
população para a prevenção e o tratamento da doença, a qual coloca o
Brasil como o segundo país com o maior número de pessoas atingidas pela
hanseníase no mundo. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde
foram registrados mais de 33 mil novos casos no país em 2013.
“O Ministério da Saúde tem intensificado as ações no
combate à hanseníase, mas mesmo assim ela permanece e é um importante
desafio à saúde pública por ser uma doença milenar. O processo de cura
está estabelecido, porém, ainda apresenta um índice acima do preconizado
pelo Ministério da Saúde, que reflete vários fatores como o
desconhecimento da doença, o medo de ser rejeitado pela família e
sociedade, além do tratamento interrompido, gerando a cadeia de
transmissão da hanseníase. Creio que para alcançar a meta de erradicar a
doença seja necessário adotar medidas estrategicamente globais”, avalia
Sandra Choptian, consultora em saúde do Instituto Corpore.
No geral, os sintomas da hanseníase são o
aparecimento de manchas avermelhadas ou brancas, caroços e placas em
qualquer local do corpo, perda de sensibilidade, fisgadas ou dormência
nas extremidades, formigamento e dor nos nervos dos braços, pernas e
pés, assim como a diminuição da força muscular. A transmissão é feita
pelas vias respiratórias como tosse, espirro e secreções nasais, e seu
diagnóstico é basicamente clínico, realizado através do exame físico
procedendo a uma avaliação dermatoneurológica, ou seja, de toda a pele,
olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da
força muscular dos membros superiores e inferiores, buscando identificar
sinais clínicos da doença. “Quando diagnosticado, o paciente deve
procurar a unidade de saúde mais próxima e iniciar o tratamento sem
interrupções. É importante lembrar que a hanseníase tem cura e todo o
tratamento é garantido pelo SUS, desde o início até a alta por cura. Ele
é baseado em medicações via oral e denominado de poliquimioterapia
devido à constituição de dois ou três medicamentos, com duração de seis a
12 meses. Nos casos mais graves, os pacientes são encaminhados aos
centros de referências”, explica a consultora.
Uma das formas de prevenir a hanseníase é a vacina
BCG, porém, Sandra afirma que ela é indicada apenas para as pessoas que
compartilham o mesmo domicílio com o portador da doença. Entre as
principais complicações estão a cegueira por destruição dos nervos na
área dos olhos, alterações musculares, nos nervos, rins e pulmões,
incapacidade de se movimentar adequadamente e deformidades nas orelhas,
nariz, pés e mãos, as quais são irreversíveis e afetam a vida social e
profissional.
Na opinião da consultora, a maioria população
brasileira ainda vê o hanseniano com certo preconceito. “Isso acontece
porque a doença ainda é marcada por ser algo do passado, quando não
havia tratamento com antibióticos. Antigamente a medida preventiva era
isolar o doente em colônias, uma história muito triste de dor e
sofrimento. Quando o paciente se descobre hansênico tudo que ele sente
na pele é o preconceito que muitas vezes está dentro da própria família,
e acaba se isolando do convívio familiar e da comunidade. Neste
processo é fundamental a conscientização da população em geral, não
somente dos pacientes, mas também das pessoas que o rodeiam, família,
vizinhos e profissionais de saúde que a hanseníase tem cura e que o
paciente em tratamento não transmite a doença”, afirma Sandra.
O Dia Mundial do Hanseniano será lembrado pelo
Instituto Corpore com várias ações em suas unidades pelo Paraná e São
Paulo. Todos os municípios parceiros estarão recebendo cartazes
informativos, que serão fixados em unidades de saúde, hospitais, centro
de atenção psicossocial (CAPS), vigilância epidemiológica, entre outros
pontos estratégicos, assim como palestras educativas voltadas aos
profissionais de saúde e população, orientações em sala de espera de
forma coletiva e individual.
Monique Silva
Crédito da matéria: Instituto Corpore
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