A discussão econômica não está sendo exatamente profunda.
O que se procura é atribuir ao governo Dilma uma administração ruinosa.
Não que Dilma mereça o Nobel da Economia, mas há um reducionismo cínico, obtuso e partidário neste debate.
Comecemos pelo essencial: o “Pibinho”.
Uma economia cresce a taxas altas, quando as coisas vão bem, quanto mais baixa é a base de comparação.
Isso quer dizer o seguinte: para a China, cuja base (o tamanho da
economia) era baixa até o choque econômico de Deng Xiao Ping, há 30
anos, foi possível crescer a taxas de 10% anuais.
Para os Estados Unidos, em oposição, não. Na década de 1980, nos oito
anos de Ronald Reagan, tidos como dourados por economistas ortodoxos, a
economia americana cresceu em média 3,85%.
Foi um excelente desempenho, objetivamente. Mas, comparado com a
China, você poderia dizer – se quisesse, para marcar um ponto – que os
Estados Unidos nos anos 1980 se movimentaram a taxas frustrantes.
Observemos os Estados Unidos hoje, diante da crise econômica internacional iniciada em 2008.
Analistas econômicos têm saudado a recuperação americana. Mas por
“recuperação” entenda um crescimento do PIB de 1,60% em 2013, segundo o
insuspeito banco de dados da CIA.
Mesmo essa tímida reação está agora sob risco, por conta da crise alemã e suas implicações globais.
A economia da Alemanha – tema de uma discussão entre Dilma e Míriam
Leitão numa sabatina — teve uma queda de 0,2% no segundo trimestre deste
ano.
No terceiro trimestre, informa hoje a Reuters, “uma série de dados
fracos, incluindo uma queda nas exportações, indica estagnação”.
Em consequência, as autoridades econômicas alemãs estão prestes a
anunciar uma redução nas projeções de crescimento. Grandes institutos de
pesquisa baixaram suas previsões para 1,3% em 2014 e 1,2% em 2015.
Isso na poderosa Alemanha da ortodoxa Angela Merkel.
É didático estudar a lista de crescimento de PIBs mundiais em 2013, país por país.
O Brasil, por exemplo, cresceu 2,30%, índice que colocou o país na 37.a posição entre 221 economias analisadas.
A Alemanha, com 0,50%, o motor da Europa, ficou na 185.a colocação. A
França, com 0,30%, na 191.a. Os Estados Unidos, na 157.a. O Reino
Unido, na 152.a
O número 1 da lista: Sudão do Sul, com um crescimento em 2013 de
24,7%. O primeiro, entre os vizinhos brasileiros, foi o Paraguai, quarto
no geral, com 12%.
Isso tudo apenas para dar perspectiva ao debate. Economias pequenas,
em bons tempos, podem dar passos enormes – até, caso haja constância, se
tornarem grandes. Aí o milagre da multiplicação desaparece.
Quem conhece o mundo corporativo sabe disso muito bem. Uma pequena
empresa pode avançar a taxas incríveis. Depois, grande, o avanço, em
porcentagem, se torna bem menor.
A mesma lógica econômicas dos países pode ser observada, internamente, estado a estado.
Cada estado cresce, ou decresce, de um jeito. O crescimento de um país não é igual em suas diferentes partes.
Para São Paulo, que responde por um terço da economia brasileira,
saltos no PIB são muito mais complicados do que para outros estados.
Em 1990, São Paulo respondia por 37,5% do PIB brasileiro. Agora, esta contribuição baixou para 31,4%.
São Paulo cresceu menos que outros estados, portanto. Gestões ruins
de governadores? É uma possibilidade – ainda que não possa ser esquecido
que, pela dimensão de sua economia, São Paulo não tinha como avançar
como pequenos estados com base modesta.
No exame regional, é interessante observar Minas Gerais, sob Aécio.
Dados do IBGE mostram, estado por estado, o desempenho econômico acumulado de 2002 a 2010.
Minas cresceu, no período, 34,7%. Entre as 27 unidades da federação, ficou em 22.o lugar.
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