“Não confio em homem que desrespeita mulher”: nossa colunista explica sua opção política
Postado em 22 out 2014
As eleições para presidente têm sido assunto desde o início da
campanha (e ainda mais após o início da corrida pelo segundo turno) – e
que bom isso. Apesar das queixas de alguns – “nossa, que chato todo
mundo falando de política o tempo inteiro!” – acho que a repetição
incansável do assunto deve ser motivo de comemoração. Afinal, noutros
tempos – e ainda hoje, noutros países – o assunto fora terminantemente
proibido. Então, que bom que podemos discutir abertamente o assunto, das
redes sociais às mesas de bar, em que pese a blindagem midiática que
insiste em se impor.
Por isso mesmo – entre outros infindáveis motivos que poderiam,
sozinhos, compor este artigo – eu insisto em escrever sobre, e viva a
liberdade de expressão! Compreenda que – apesar de quem quer que seja
poder livremente defender a que partido julgar merecedor – isto não se
trata de defesa partidária ou politicagem barata: este texto tem o
condão de alertar as pessoas acerca de um aspecto crucial do
presidenciável Aécio Neves: o visível machismo e misoginia. Como
aspirante a militante do feminismo, sinto-me na obrigação de comentar.
O candidato escancarou a sua inegável covardia e desrespeito às mulheres na última campanha.
Notória a sua incapacidade em demonstrar o menor respeito por uma
mulher – que além de mulher mais velha que ele, é presidente deste país –
em vários momentos dos vergonhosos debates presidenciais dos quais
participou.
Todas as vezes em que se sentia acuado com alguma colocação da
presidente – as quais, esclareça-se, não são objeto deste texto – reagia
com cinismo repugnante e agressividade assustadora: desde o dedo na
cara da Luciana Genro, aos insultos em alto e bom som contra a
presidente. “Leviana e mentirosa, candidata!”
Discussões políticas à parte, eu, particularmente, não consigo
confiar em um homem – nem mesmo enquanto homem apenas, quem dirá
enquanto presidenciável – que levanta, desrespeitosa e
desnecessariamente, a voz a uma mulher mais velha e, independente de
divergências políticas, digna de respeito.
Desfrutando da minha inegável liberdade de expressão, afirmo: Aécio é
a personificação da misoginia, do desrespeito à mulher e da promoção da
desigualdade de gêneros. A personificação da ignorância acerca das
necessidades do gênero – e, pior ainda, uma ignorância proveniente do
desinteresse. Não consigo vislumbrar – e não consigo por que o histórico
do candidato não me permite – uma só possibilidade de Aécio Neves
colocar-se enquanto defensor das causas feministas.
Por isso minha alma feminista se debate todas as vezes em que vejo
uma mulher afirmar-se militante PSDBista. Uma mulher que pode pagar o
alto preço de ser esquecida e negligenciada pelas leis de seu país
durante quatro anos.
Que o movimento feminista não esteja – como, acredito piamente, não
está – ao lado de um homem que não consegue apresentar uma só proposta
em favor da mulher e desrespeita a presidente do país e toda mulher que
ouse contrariá-lo. E que o contrariemos, e provemos, com a força
feminina que ele menospreza, que os tempos são outros. Não somos
levianas. Sabemos o que queremos e sabemos, mais ainda, o que não
queremos: um playboy machista no Palácio do Planalto.
Crédito: Diário do Centro do Mundo
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