Por Ayne regina Gonçalves Salviano
Foto: Jornal de Jales |
Em 1998, o MEC (Ministério da Educação) criou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para avaliar a qualidade do ensino médio no Brasil. Nesses mais de 20 anos da prova aplicada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), muito mudou.
Se no início ela não era bem vista por uma ala da Educação, hoje o exame é, indiscutivelmente, a principal porta de entrada para as universidades públicas federais, além de instituições de ensino estaduais e particulares, brasileiras e estrangeiras. Também é por meio da nota do Enem que os estudantes conseguem o Fies (Financiamento Estudantil) ou o Prouni (Programa Universidade para Todos).
O Enem é a segunda maior prova do mundo. Só perde para o exame chinês de acesso ao ensino superior. Em 2019, aproximadamente 4 milhões de brasileiros se inscreveram para a prova, que foram realizadas nos dois primeiros domingos de novembro.
Na primeira etapa, no dia 3, uma foto da proposta de redação foi divulgada nas redes sociais minutos antes do início da prova colocando em xeque a lisura do exame. Também uma questão da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias teve de ser cancelada posteriormente porque já havia sido usada no ano anterior.
Mas o pior ainda estava por vir. Depois da divulgação das notas agora em janeiro, ficou comprovado que houve erro na correção das provas. Primeiro, o assunto foi negado pelo Ministério da Educação. Depois, assumido, mas contabilizado para a gráfica que rodou as provas. Entretanto, nenhuma medida transparente foi anunciada pelo governo federal para acalmar os 3,5 milhões de candidatos que estão disputando as míseras vagas públicas.
Para piorar a situação, um corretor de redação, que não teve o nome divulgado, afirmou ao jornalista Reinaldo Azevedo que também as correções dos textos foram negligenciadas em comparação aos anos anteriores. No passado, se dois corretores tivessem discordado em 80 pontos de cada um dos cinco critérios de correção, a prova era corrigida por um supervisor, o terceiro corretor. O mesmo ocorrendo se as notas finais dos dois primeiros corretores se diferenciassem em 100 pontos. De acordo com a entrevista publicada, os supervisores não foram acionados para milhares de correções.
Por todas estas incongruências, o Ministério Público Federal solicitou que a Justiça Federal suspendesse os calendários do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), Prouni e Fies. A medida foi derrubada na Justiça pelo governo federal e as aprovações pelo Sisu foram comemoradas por boa parte dos candidatos enquanto outros permanecessem sem entender o que ocorreu.
O que deve acontecer com o Enem? O Enem vai acabar? São essas as perguntas que meus alunos mais me fazem. Na minha humilde opinião, o Enem 2019 não se mostrou confiável. Mas a prova não deve ser extinta. Precisa, sim, ser melhorada, ampliada, tornar-se novamente confiável, pois é um meio democrático de se atingir o ensino superior.
Ayne Regina Gonçalves Salviano
(É jornalista, professora e gestora educacional na Damásio Educacional e Criar Redação em Araçatuba)
Crédito: Jornal de Jales
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