IBGE divulga Síntese de Indicadores Sociais, com
dados de 2012, e alerta para o desafio de ampliar o acesso à pré-escola e de
universalizar o ensino. Um em cada cinco jovens de 15 a 29 anos não trabalha
nem estuda
O Brasil
avançou, entre 2002 e 2012, de 11,7% para 21,2% na taxa de escolarização das
crianças de 0 a 3 anos; e de 56,7% para 78,2% nas matrículas da população de 4
e 5 anos. Mas há abismos imperdoáveis que persistem em alguns segmentos, revela
a SIS 2013, do IBGE
As
oportunidades que os brasileiros terão nas próximas décadas estão,
irremediavelmente, atreladas às transformações que o país será ou não capaz de
fazer com a educação das crianças de agora. Avanços econômicos e sociais e, de
forma geral, o bem-estar dos cidadãos passam por uma ampliação urgente do
acesso à escola nos primeiros anos de vida, um compromisso da presidente Dilma
Rousseff e a meta número 1 do Plano de Metas de Educação. A boa notícia,
revelada nesta sexta-feira pela divulgação da Síntese de Indicadores Sociais
2013, do IBGE, é que ocorreu um “crescimento substantivo de acesso” ao sistema
educacional brasileiro; e o dado preocupante é que o atendimento escolar das
crianças até 3 anos, na pré-escola, justamente onde o investimento é mais
determinante para o futuro, dificilmente chegará a 2020 com 50% de alunos
matriculados – como estabelece o plano de metas. A análise do IBGE é de que
“permanece desafiador” ampliar satisfatoriamente as matrículas para cumprir esse
compromisso, bem como o de universalizar, até 2016, o atendimento escolar da
população de 4 e 5 anos.
O Brasil
avançou, entre 2002 e 2012, de 11,7% para 21,2% na taxa de escolarização das
crianças de 0 a 3 anos; e de 56,7% para 78,2% nas matrículas da população de 4
e 5 anos. Mas há abismos imperdoáveis que persistem em alguns segmentos. Entre
os 4 e os 5 anos, por exemplo, um terço das crianças em áreas rurais do país
ainda estão fora da escola. E, no ano passado, a proporção de crianças entre 2
e 3 anos que frequentavam creche era quase o triplo para o quinto mais rico da
população em relação ao quinto mais pobre – respectivamente, uma cobertura de
63% e de 21,9%.
As
transformações demográficas em curso são uma oportunidade para a melhoria da
educação, afirma o instituto. Os grupos etários do ciclo da pré-escola e do
Ensino Fundamental sofrerão um decréscimo populacional significativo até 2060,
o que amplia as condições do Estado de melhorar a cobertura e a qualidade nos
anos iniciais da formação da criança, base de toda a vida escolar. Ainda é
necessário aprimorar o Ensino Fundamental. De acordo com o SIS 2013, a terceira
meta do PNE, que prevê estender a 85% a frequência escolar líquida para essa
faixa estaria, está em perigo. A dificuldade principal está em reduzir as
desigualdades persistentes nesse indicador. Diz o estudo: “os jovens de 15 a 17
anos de idade brancos possuíam uma taxa de frequência escolar líquida 62,9%
maior do que a dos jovens pretos ou pardos, com 47,8%”.
Demorar a
corrigir as falhas do sistema educacional para os primeiros anos de vida é,
além de tudo, um péssimo negócio. Prêmio Nobel de Economia em 2000, o
economista americano James Heckman advertiu, em entrevista a VEJA, para o
quanto o país perde deixando de investir em creches, pré-escola e na educação
para os primeiros anos de vida, de forma geral. “A educação é crucial para o
avanço de um país – e, quanto antes chegar às pessoas, maior será o seu efeito
e mais barato ela custará. Basta dizer que tentar sedimentar num adolescente o
tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai
algo como 60% mais caro”, disse Heckman, em 2009, num alerta sobre o que é necessário
prover para as gerações futuras.