Meme disseminado por adversários do impeachment e charge de Ivan Cabral sobre a Globo
por Fábio Garrido*
Ontem
num debate sobre ética em uma aula minha percebi o resultado da estratégia da
manipulação midiática.
Todos os meus alunos achavam
que o processo de impeachment contra a Dilma (golpe) era por causa da Lava
Jato.
Quando comecei a explicar que a
tese do impeachment (golpe) era de que a presidenta usou dinheiro da Caixa
Econômica Federal para manter os programas sociais eles ficaram perplexos.
— Mas professor, ela não
roubou?
— Não, não é acusada de ter
roubado um único centavo. A única coisa que fez foi colocar dinheiro público de
um banco estatal em programas sociais, e depois, devolver esse dinheiro à
Caixa.
Isso foi suficiente para
passarem a se posicionar contra o impeachment e se sentirem enganados pelos
meios de comunicação que misturam uma coisa com a outra o tempo todo.
Agora pergunto: isso é fazer
propaganda petista ou cumprir com a minha obrigação como professor de filosofia
de questionar a massificação da propaganda ideológica golpista feita pelos
meios de comunicação?
Acredito firmemente que a
função da filosofia no ensino médio deva ser possibilitar que os alunos pensem
criticamente a sociedade. Isso significa pensar por conta própria. E numa época
de mídia de massa onde os meios de comunicação, principalmente a Globo que
comprovadamente já participou de alguns movimentos golpistas na nossa história,
determinam os rumos da política, temos a obrigação de desconstruir a ideologia
dominante.
Ideologia essa que nos leva a
passos largos para o abismo fascista.
Adorno após a Segunda Guerra já
nos alertava da necessidade de uma Educação pós-Auschwitz.
Não temos portanto o direito de
aderir à histeria da classe média, frustrada em suas pulsões consumistas
durante um período de crise mundial.
Nem o niilismo, nem o individualismo
pós-moderno atendem as necessidades de enfrentar o avanço fascistizante.
Apenas o apelo à razão, tão
surrada nos últimos tempos, nos serve neste momento.
As classes se levantam e se
conflitam no movimento dialético da história. Não há espaço para torres de
marfim.
Heidegger não foi perdoado. Já
conhecemos o mundo onde pisamos. Faz-se urgente transforma-lo.
Ou deixaremos a tristeza e a
servidão como únicas heranças para os pensadores(as) do futuro.
O golpe está em andamento
diante dos nossos olhos. O silêncio não é uma opção.
*Professor
de Filosofia da Rede Estadual de Minas Gerais; membro da Direção Estadual do
Sindute