domingo, 13 de dezembro de 2015

Educação. Mimar os filhos pode se voltar contra os pais

A pesquisadora Tania Zagury entrevistou mais de cem pessoas para o livro

Para a pesquisa que resultou em livro, a professora Tania Zagury, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizou 102 entrevistas com pessoas idosas e familiares. Parte dos entrevistados já atravessa a quarta idade. “O foco é mostrar a quem está criando os filhos agora o quanto é importante ter consciência de que a forma pela qual a educação no presente tem grande influência nas atitudes do futuro, incluindo em relação aos próprios pais”, explica.

Uma das entrevistas, médica aposentada, de 63 anos, entristeceu-se ao perceber que os filhos adultos não atendem suas ligações. “Canso de ligar, ligar e ligar e sempre cai na caixa postal”, disse em depoimento à pesquisadora.

“De maneira geral, parte da geração que hoje tem de cerca de 55 a 69 anos recebeu dos pais uma educação mais dura e restrita. E eles deram mais liberdade aos filhos, atendendo a todos os desejos possíveis. Foi uma geração que colocou a criança no centro das prioridades, com menos hierarquia e com bastante espaço aos filhos”, comenta Tania.

Segundo a professora, foram comuns os relatos entre os idosos de que os filhos vão visitá-los somente em datas comemorativas. E são raras as ligações para saber como estão os pais. “Muitos filhos apenas ligam para os idosos quando precisam de ajuda — que fique com os netos, por exemplo”.

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