sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Solidão maltrata o corpo e a mente dos idosos

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O que nos impede de sermos generosos com os nossos idosos? Será se não vamos envelhecer? Por que essa cultura de abandonarmos os nossos idosos?

Essas perguntas deveriam ser feitas diariamente. A cada dia a população brasileira envelhece e não nos preparamos para os desafios que enfrentaremos. A nossa pressa é tamanha que pensamos que não envelheceremos nunca.

Há uma cena que o voluntário José Elias Vieira dos Santos já se habituou a ver. Não que se acostume com a ideia. São pessoas chegando ao Lar Samaritano, uma instituição para idosos em Águas Lindas de Goiás, com ordem judicial. “Como o Estatuto do Idoso estabelece que mais de 30 dias sem visita já é abandono, os parentes são acionados pelo Ministério Público”, explica o administrador da casa. A realidade do abrigo localizado no Entorno do Distrito Federal não é diferente da de outras cidades e países. Com o aumento da expectativa de vida, o mundo observa a formação de um exército de solitários.

Embora esse sentimento possa recrutar para suas fileiras pessoas de qualquer idade, o idoso está na linha de frente. “Nessa fase da vida, ele se depara com situações delicadas, como a perda ou o afastamento de pessoas queridas, doenças, aposentadoria, perda do corpo jovem e da independência, entre outros”, destaca a psicóloga Cecília Fernandes Carmona, autora do artigo A experiência de solidão e a rede de apoio social de idosas, publicado na revista Psicologia em Estudo. “Esse é um período de muitas transformações, marcado especificamente por várias perdas. O sentimento de solidão pode ser percebido como mais agudo pelo idoso por ele estar passando por todas as vicissitudes dessa fase”, explica.

Nos últimos anos, diversos estudos têm apontado uma forte associação entre a solidão e a incidência de doenças crônicas em idosos. De fato, pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o isolamento pode aumentar o risco de morte em 14% nas faixas etárias mais avançadas. O trabalho, liderado pelo psicólogo e especialista no assunto John Cacioppo, descobriu que o estresse provocado por essa sensação induz respostas inflamatórias nas células, afetando, entre outras coisas, a produção dos leucócitos, estruturas que defendem o organismo de infecções.

Uma outra pesquisa, da Universidade de Brigham Young, publicada na revista especializada Perspectives on Psycological Science, comparou estatísticas de mortalidade e constatou que a solidão é tão prejudicial à saúde quanto fumar 15 cigarros por dia ou ser alcoólico. Recentemente, a revisão de 23 artigos científicos levou pesquisadores da Universidade de York a concluir que a solidão aumenta em 29% o risco de doenças coronarianas e em 32% o de acidentes vasculares. “Intervenções focadas na solidão e no isolamento social podem ajudar a prevenir duas das principais causas de morte e incapacidade em países de renda alta”, alertaram os autores.

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