Senadora Ana Amélia (PP-RS) quer audiência pública sobre o tema. Até em Portugal as reformas provocam polêmicas
O novo acordo ortográfico da língua portuguesa, com regras válidas desde 1º de janeiro de 2009, ainda encontra resistência especialmente por conta das dificuldades criadas e pelo que se pode chamar de incoerências. Por conta dessa polêmica toda, a senadora Ana Amélia (PP-RS) vai solicitar que a Comissão de Educação do Senado (CE) promova no início de 2012 uma audiência pública sobre o novo acordo.
Enquanto o Brasil deve concluir a implementação do acordo em 2013, outros países de língua portuguesa enfrentam dificuldades para a adoção integral das reformas – inclusive Portugal. Uma das providências que podem ser estudadas pelo Senado é a criação de um grupo de trabalho sobre o assunto.Ana Amélia anunciou a audiência logo após se reunir, na segunda-feira (28), com o professor Ernani Pimentel. Autor de diversas críticas ao novo acordo ortográfico, o professor criou o Movimento Acordar Melhor para divulgar suas ideias. Pimentel defende a simplificação das regras, porque, segundo ele, o novo acordo contém "incoerências, incongruências e muitas exceções". Um dos vários exemplos que citou foi a dificuldade para se compreender quando se deve usar ou não usar o hífen.
De acordo com Pimentel, "nenhum professor de português de nenhum país signatário é capaz de escrever totalmente de acordo com as novas regras e, como os professores não têm condições de compreender, os países não terão condições de implantá-las".
Pimentel apoia a criação de um grupo de trabalho, no âmbito da Comissão de Educação do Senado (CE), para discutir o acordo. Ele também sugeriu que os países signatários criem um órgão similar à Real Academia Espanhola, que seria responsável pela uniformização da ortografia nos países de língua portuguesa.
Mercado e soberania
Ao comentar as resistências externas ao acordo, ele lembrou que alguns países alegam, "com razão", que as novas regras foram pensadas somente a partir de Brasil e Portugal, ignorando especificidades culturais de outras nações de língua portuguesa. Ele também disse que há uma divisão em Portugal, entre os que defendem o acordo e os que preferem adiá-lo devido aos interesses do mercado editorial português (que, dessa forma, não enfrenta a concorrência de livros brasileiros em seu próprio país e também nos países africanos de língua portuguesa).Sobre a atuação do Ministério das Relações Exteriores, Pimentel declarou que "o Itamaraty está correto ao querer a unificação, mas está errado ao permitir que o interesse político desconsidere as questões educacionais, pedagógicas e culturais". "Ao forçar o acordo, o Brasil está sendo visto como impositor. É importante que haja discussão entre os países", avaliou.
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