Bastante interessante o artigo publicado no Jornal Dia-a-dia sobre a educação e os jovens. Nós que militamos diariamente nas escolas, principalmente as públicas, nos deparamos com uma realidade de arrepiar qualquer um: o desinteresse dos jovens quanto aos aspectos da educação. Está se criando, assim, uma sociedade que vai amargar em pouco tempo, não só a escassez de pensadores ou profissionais devidamente qualificados, mas pessoas sem nenhum objetivo que não seja o imediato: apenas aplacar a fome do hoje.
É imperioso que estejamos de olhos voltados para a realidade que hoje está sendo construída. Novas posturas quanto à educação, novos métodos, conteúdos voltados para a realidade global do jovem podem ser apenas os primeiros passos que devemos seguir, senão, o que será do futuro?
Veja o artigo:
Gilberto Alvarez
A educação está para o jovem como este está para a vida: em estado de urgência. O emaranhado de questionamentos e mudanças comuns na fase da adolescência não deveria impedir o jovem de ter uma certeza na vida: a de que a educação é o único caminho que ele deve trilhar até o fim, a única plataforma para uma vida melhor e mais digna. Só que o Brasil, infelizmente, ainda não alcançou padrões aceitáveis, em termos educacionais, para um país com aspirações de potência mundial.
Veja-se, por exemplo, o relatório divulgado recentemente pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre a situação escolar dos jovens brasileiros. O documento revela que cerca de 20% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola – um dado mais do que alarmante –, e identifica a pobreza na origem dessa realidade. A extrema pobreza, por exemplo, afeta 11,9% de meninos e meninas de 12 a 17 anos, num país onde vivem hoje 21 milhões de jovens nessa faixa etária.
Para quebrar o ciclo vicioso da pobreza e da desigualdade do Brasil, devemos aproveitar os próximos anos de esperado crescimento econômico para ampliar a inclusão educacional dos jovens provenientes dos extratos sociais menos favorecidos. É preciso investir cada vez mais na universalização do ensino de qualidade, na qualificação profissional e na valorização dos professores. Temos que alargar o escopo dos programas sociais criados pelo governo federal, como o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Financiamento Estudantil).
Mas como fazer isso? Um dos instrumentos mais importantes é o Plano Nacional de Educação (PNE) – documento que estabelece 20 metas para a educação brasileira na próxima década e que está tramitando no Congresso Nacional. O PNE precisa aumentar substancialmente os investimentos na Educação, dos atuais 5,7% do PIB (Produto Interno Bruto) para cerca de 10% do PIB. Sem isso, como demonstram vários estudos, não será possível erradicar o analfabetismo do país no médio prazo, nem melhorar sensivelmente a qualidade dos atuais padrões da educação brasileira.
É sabido que problemas crônicos da sociedade moderna – como o desemprego e a criminalidade – têm suas raízes mais profundas ligadas à questão da educação, ou à falta dela. Sob essa ótica, a situação atual do adolescente brasileiro – fora da escola, em risco de evasão ou de ficar retido no ensino fundamental – é inadmissível para um país que fez da inclusão uma bandeira de toda a sociedade.
Com uma educação melhor e mais inclusiva, o Brasil terá cada vez mais condições de formar cidadãos aptos a viver em sociedade, envolvendo-se com a coletividade e desenvolvendo um espírito republicano. Assim, estaremos criando as bases para construir um país mais justo e solidário.
* Gilberto Alvarez Giusepone Jr. é professor, autor do material de Física do Sistema de Ensino do Cursinho da Poli (SP) e diretor da instituição.
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