sábado, 27 de outubro de 2012

Entidades da área de educação pedem mais bibliotecas nas cidades

São Paulo – Entidades voltadas à área de educação lançaram a campanha “Eu Quero Minha Biblioteca”, que tem como objetivo fazer com que os prefeitos eleitos nas cidades de todo o país assumam o compromisso de criar as condições necessárias para a implementação de mais bibliotecas.

Christine Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, responsável pelo lançamento da campanha, explica que já há legislação nesse sentido. “A Lei 12.244, instituída em 2010, determina que até 2020 todas as instituições de ensino do país, públicas e privadas, devam ter uma biblioteca. E há recursos para a educação que podem e devem ser utilizados para criar e manter bibliotecas. A campanha visa a efetivação da lei”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual.

A educadora ressalta ainda que no início do ano serão enviadas publicações impressas para prefeitos de todo o Brasil e secretários municipais de Educação para que eles tenham o conhecimento desta lei e dos recursos públicos para a criação das bibliotecas.

Segundo dados da Secretaria Municipal da Cultura, existem 52 bibliotecas públicas na cidade. Nenhuma unidade foi inaugurada este ano. Apenas três delas estão sendo reformadas, ainda sem prazo para entrega, como a Biblioteca Prestes Maia, na zona sul da capital paulista. A reforma está atrasada em dez meses.
A presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia do estado São Paulo, Cristiane Camizão Rokicki, afirma que o número de bibliotecas no município é muito baixo. “O fato de a maior capital do Brasil ter tão poucas bibliotecas públicas é resultado de falta de investimento na educação e na cultura.”

Cristiane afirma que a falta de investimentos municipais destinados a estes equipamentos públicos faz com que a sociedade se mobilize para ter espaços alternativos de leitura. “Estamos observando um crescimento no número de profissionais que querem pedir apoio para montar bibliotecas comunitárias e ações de parcerias que incentivam a leitura”, diz. Ela explica que a campanha “Eu Quero Minha Biblioteca” é uma forma de cobrar os candidatos para que olhem com mais afinco sobre esta questão.

De acordo com indicadores de 2011 do Observatório do Cidadão da Rede Nossa São Paulo, dos 96 distritos da cidades, apenas dois cumprem a meta da Unesco de oferecer dois livros por habitante. A situação é mais precária para crianças e adolescentes que moram nas regiões de subprefeituras de regiões periféricas, como em Cidade Ademar e São Mateus, onde o indicador é zero.

Segundo Christine, há uma exclusão cultural da população de bairros localizados nos extremos da cidade. “São bairros em que inexistem outros equipamentos culturais. A biblioteca é apenas um dos itens de acesso à cultura que nós não encontramos nestas regiões.” A iniciativa dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), criados na gestão da prefeitura de Marta Suplicy (PT), é elogiada por Christine nesse sentido. “O CEUs foram iniciativas ótimas, porque além de escola levaram aparatos culturais para a população.”

A Academia Brasileira de Letras, o Conselho Federal de Biblioteconomia, a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação, o Movimento por um Brasil Literário, o Instituto Ayrton Senna, a Rede Marista de Solidariedade e Todos pela Educação são as organizações envolvidas na campanha. O site www.querominhabiblioteca.org.br traz mais informações.

Nenhum comentário: