A presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), professora Amábile Pácios, recomenda que os pais sejam mais presentes no ambiente escolar, até para entender a questão. Ela narrou experiências em unidades de ensino no Distrito Federal em que famílias tiveram atitudes contraditórias em relação ao bullying. "Ou os pais acham que tudo é bullying e denunciam até casos de crianças de dois anos que mordem outras crianças ou fingem que não acontecem casos de violência com seus filhos", disse.
Por se tornar um tema progressivamente discutido no país, parte dos diretores de escola particulares prefere omitir a existência do problema. A conduta pode até evitar manchas à imagem da instituição, mas tem um efeito ruim: reduz dados disponíveis a respeito e dificulta o combate a esse tipo de violência no ambiente escolar.
Rosangela Gonzaga, assistente social do Ministério Público do Mato Grosso do Sul, foi na mesma direção. Para ela, o combate ao bullying precisa enfatizar a aproximação da família com a escola, o que passa pelo trabalho de profissionais como assistentes sociais junto às famílias às quais pertencem as crianças envolvidas em casos de violência. "A criança já vem toda desestruturada de casa. Não é na escola que começa a violência, é dentro de casa", sustenta.
O psicólogo Augusto Pedra qualifica o bullying como uma "epidemia psicossocial" que se propaga rapidamente. Diferentemente de outros tipos de ações violentas, a prática se caracteriza por ações deliberadas e repetitivas sem motivo evidente, pelo desequilíbrio de poder entre agressores e vítimas e por causar constrangimento ao agredido. "Precisamos somar nossos esforços para enfrentar e erradicar esse mal de uma vez por todas", disse Pedra.
As consequências do bullying sobre as vítimas incluem dificuldades de socialização e de aprendizagem, e podem alcançar o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças. Estudos citados pelo psicólogo sugerem que aspectos como carência afetiva, ausência de limites e maus-tratos por parte dos pais estão entre as causas do problema.
O promotor de Justiça do Mato Grosso do Sul Sérgio Harfouche defendeu a necessidade de professores e diretores terem sua autoridade reforçada, para adotar medidas disciplinares e educacionais mais rígidas. A consequência aplicada aos agressores é uma forma de evitar a "judicialização" dos casos. Ao levar o tema à Justiça, a criança ou adolescente agressor torna-se infrator. O tal reforço à autoridade não pode ser confundido com autoritarismo.
Com informações da Agência Senado
Nenhum comentário:
Postar um comentário