A contratação da cantora Cláudia Leitte pela Secretaria de Cultura do Piauí gerou forte reação dos povos de terreiro e de entidades ligadas às religiões de matriz africana. Em nota de repúdio, lideranças religiosas e movimentos culturais afirmam que a escolha da artista desrespeita princípios de diversidade e inclusão que devem orientar as políticas públicas de cultura.
A polêmica se intensificou após a cantora passar a alterar, em apresentações recentes, trechos de músicas que faziam referência a orixás, substituindo-os por expressões de cunho cristão. Para os povos de terreiro, a mudança não é apenas artística, mas um gesto simbólico que evidencia preconceito religioso e contribui para o apagamento das tradições afro-brasileiras.
Na avaliação dos signatários da nota, o Estado, por ser laico, não pode chancelar práticas que reforcem a intolerância religiosa. Eles ressaltam que comunidades de matriz africana historicamente sofrem discriminação e que decisões institucionais como essa ampliam a sensação de invisibilidade e desrespeito.
Ao final, os povos de terreiro cobram um posicionamento público da Secretaria de Cultura do Piauí e a revisão dos critérios de contratação com recursos públicos. O episódio reacende o debate sobre racismo religioso e o papel do poder público na promoção do respeito à diversidade cultural e religiosa.

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