Presidente não deixa provocação sem resposta; em
entrevistas longas, como a concedida ontem, falas ligeiras ou discursos,
Dilma Rousseff mostra que deixou no passado o figurino paz e amor que
prevaleceu na campanha de 2010; para se desvencilhar dos ataques da
oposição, agora ela aposta na sinceridade sem meias palavras; "O
pessimismo pré-Copa está agora na economia", definiu sobre projeções
catastrofistas do mercado financeiro; "Bancos interferirem na política é
inadmissível", estabeleceu após o imbróglio da recomendação partidária e
oposicionista do Santander; "O que acontece em Israel é um massacre",
crava em política internacional; programa de televisão vai usar e abusar
de comparações entre gestões petista e tucana; agora é 'bateu, levou'
A presidente Dilma Rousseff deixou no
cabide o figurino de candidata vestido em 2010, quando venceu a disputa
usando um modelito do melhor estilo 'paz e amor'. Protegida pelo então
presidente Lula, ela não precisou entrar em bolas divididas com o
adversário José Serra e flanou sobre o eleitorado enquanto seu padrinho
político se encarregava de comprar suas brigas.
Agora é diferente, já se viu na longa entrevista à mídia tradicional
concedida ontem pela presidente. Diante de uma certa pressão nas
perguntas, o que se viu foi uma Dilma segura, objetiva e nada disposta a
aceitar calada as críticas feitas ao seu governo. Ela igualmente não se
incomodou em deixar, com frases curtas e palavras fortes, suas posições
sobre temas do momento.
Essa Dilma que parece à vontade no chamado estilo 'bateu, levou'
surge nitidamente em suas posições a respeito dos ataques desferidos,
diariamente, à gestão da política econômica:
- O pessimismo da fase pré-Copa passou para a política econômica,
afirma a presidente, ganhando com a frase a manchete desta terça-feira
29 do jornal Folha de S. Paulo. A se considerar o tom das últimas
notícias destacadas no mesmo espaço pela publicação da família Frias,
Dilma conseguiu o melhor momento para o seu governo, ali, em semanas.
A presidente também não ficou nem por um minuto quieta diante da gafe
cometida pelo banco espanhol Santander no Brasil, com o relatório para
clientes de alta renda com a associação nominal da presidente ao
fracasso econômico futuro.
- Bancos interferirem na política é inadmissível, rebateu uma Dilma, como se diz, curta e grossa.
A ênfase de Dilma vai sendo apurada, no tocante a efeitos eleitorais,
em pesquisas feitas por sua equipe de campanha. O que se sabe,
inicialmente, é que pouca gente vai estranhar uma candidata que avança
pela linha do 'fala o que pensa', uma vez que Dilma nunca foi dada, no
governo, a floreios sobre suas posições. Em outras palavras, a Dilma
'bate, levou' combina mais com o momento atual da presidente, cercada
por ataques nas frentes econômica e política, do que a Dilma 'paz e
amor'.
No governo, o momento da presidente tem levado, também, à tomada de
posições claras e objetivas. Depois de se fortalecer com a reunião dos
Brics, realizada no Brasil, e a aproximação com a Unasul, Dilma
posicionou o Brasil na linha de frente à oposição à Israel, na faixa de
Gaza:
- O que há da parte de Israel não é um genocídio, e sim um massacre,
atalhou a presidente diante de uma das perguntas que lhe foram dirigidas
ontem. Dilma não se intimidou com a postura crítica à decisão
brasileira de censurar o governo de Benjamin Netanyahu pelo "uso
desproporcional" da força na faixa de Gaza.
A Dilma afiada, com respostas na ponta da língua, sem medo de
devolver perguntas difíceis com respostas desconcertantes pela clareza, é
que está entrando em campo para a disputa pela reeleição. Osso duro.
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