Por Ana Luiza Basílio, do Blog do Centro de Referências em Educação Integral
Desde muito cedo, Humaira Bachal entendeu a falta que a educação faz para o desenvolvimento das pessoas. Na comunidade de Muwach
Goth, situada na periferia de Karachi, cidade portuária do Paquistão, a
garota ouviu várias histórias que ilustravam essa deficiência, como a
de mulheres que morriam ao tentar dar a luz em casa porque suas famílias
não sabiam como encaminhá-las ao hospital. Uma delas, inclusive,
aconteceu em sua própria casa: um primo faleceu porque a mãe não soube
ler a data de validade de um medicamento.
Mudar essa questão era uma ideia latente para Humaira, até porque era
grande o número de meninas e meninos que não frequentavam a escola,
muitas vezes, por escolha da família, condição que só perpetuaria as
dificuldades na sua comunidade. E foi aos 13 anos que ela teve a ideia
de compartilhar com suas amigas os aprendizados que adquiria na escola,
vivência possível pelo apoio da mãe, que escondia os estudos da garota
de seu pai, que acreditava que a menina tinha mais era que casar.
Humaira começou dando aulas improvisadas em sua casa, com apoio de
sua irmã mais nova Tahira, para dez amigas. Ela também tornou-se uma
porta voz da educação na sua comunidade, falando às famílias da
importância das crianças frequentarem a escola, discurso nem sempre
acolhido pelos moradores.
Mas ela persistiu e, em dois anos, o grupo inicial somou 150 alunos. Hoje, ela dirige a fundação Dream que ensina cerca de 1200 meninos e meninas da comunidade e é símbolo da luta por um aprendizado decente.
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